Quando pássaros revoam entre distantes céus
Suas asas coadunam com o erigir dos ventos
Pupilas aladas reverberam os sonhos uníssonos
De mundos que planaram de volta do sul
E o orvalho que hoje encontro nas flores em botão
Retumba silente em tempestade de pétalas
De beleza ornada, de fragrâncias sublimes
Qual sonho de Thomas em utopias de ilhas
Se um dia nobre brisa a trouxer entre as nuvens,
Do meu leito sagrado flutuando entre espaços
Minha pupila anseia teu incisivo olhar
No meu verbo que baila no paladar da tua língua
Na perfeita dialética aos ares balbuciados flutuam
Como o menino Ícaro fascinado com o abismo
Dividido entre a morte e a imensidão do gozo
O abraço das Moiras não tirou seu deleite
E o jardim em tom gris que os pincéis necessita
D’aquarela sublime na dança das cores
Em bailar primaveris que Vivaldi soprara
Num sussurro de ópera da soprano celeste
O tonitruante palco rodopiares o acolhe
Estupefato com a simbiose dos majestosos elfos
De anatomia perfeita em impecáveis movimentos
De invejáveis sentimentos em inexplicáveis olhares
Césares os queimariam e Hitleres os sufocariam
Pois o belo inadmissível é aos seres penumbra
Na dualidade da noite, o sol sempre perscruta
A afinidade de sorrisos em enlaçares de braços
Nem os fiares de Cloto, nem o sortear de Láquesis,
Nem a ceifa de Átropos, nem o terror de todas Moiras
Nem o escaldante sol, nem mesmo as asas de cera
Impediram o menino de se lançar deste pego
Pois os corações incandescentes vorazes são
Asas de fênix abarcam o flamejante mundo
De minúsculas sementes a colossais Jequitibás
Todos de coragem se ornam nos insensatos jardins
E as coroas de espinhos em guirlanda enfeitam
Os cabelos da noiva que flutua entre as fadas
Silente entre os verbos e estrépito em emoções
Na imortalidade dos silfos que não temem o amor
Edson Pereira
Governador Mangabeira, 20/11/2011