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Uma vez me perguntaram: “Os precipícios não o amedrontam?...” Respondi com outra pergunta: “O que sente quando vê um falcão em vôo?...” Ele respondeu: “Paz e plenitude!” Os seres alados jamais se amedrontam com as montanhas, paredões ou precipícios... tudo faz parte da sua trilha, do crepúsculo da alvorada ao poente... do dégradé do início da noite à poeira de estrelas da madrugada. Dizem que homens não podem voar... que o vôo é atributo dos pássaros. Provaremos aqui, em cada linha, que só não voa quem se elegeu eternamente ao patamar das lagartas... Este espaço, não é um convite ao vôo, mas o azimute para que encontre sua crisálida, para que vença o medo da escuridão e mergulhe nela. E no desvendar de si mesmo, possa então estilhaçar casulos e galgar os píncaros distantes da perfeição do próprio vôo. (2/04/2009)

domingo, 20 de novembro de 2011

Amores de Silfos


Quando pássaros revoam entre distantes céus
Suas asas coadunam com o erigir dos ventos
Pupilas aladas reverberam os sonhos uníssonos
De mundos que planaram de volta do sul

E o orvalho que hoje encontro nas flores em botão
Retumba silente em tempestade de pétalas
De beleza ornada, de fragrâncias sublimes
Qual sonho de Thomas em utopias de ilhas

Se um dia nobre brisa a trouxer entre as nuvens,
Do meu leito sagrado flutuando entre espaços
Minha pupila anseia teu incisivo olhar
No meu verbo que baila no paladar da tua língua

Na perfeita dialética aos ares balbuciados flutuam
Como o menino Ícaro fascinado com o abismo
Dividido entre a morte e a imensidão do gozo
O abraço das Moiras não tirou seu deleite

E o jardim em tom gris que os pincéis necessita
D’aquarela sublime na dança das cores
Em bailar primaveris que Vivaldi soprara
Num sussurro de ópera da soprano celeste

O tonitruante palco rodopiares o acolhe
Estupefato com a simbiose dos majestosos elfos
De anatomia perfeita em impecáveis movimentos
De invejáveis sentimentos em inexplicáveis olhares

Césares os queimariam e Hitleres os sufocariam
Pois o belo inadmissível é aos seres penumbra
Na dualidade da noite, o sol sempre perscruta
A afinidade de sorrisos em enlaçares de braços

Nem os fiares de Cloto, nem o sortear de Láquesis,
Nem a ceifa de Átropos, nem o terror de todas Moiras
Nem o escaldante sol, nem mesmo as asas de cera
Impediram o menino de se lançar deste pego

Pois os corações incandescentes vorazes são
Asas de fênix abarcam o flamejante mundo
De minúsculas sementes a colossais Jequitibás
Todos de coragem se ornam nos insensatos jardins

E as coroas de espinhos em guirlanda enfeitam
Os cabelos da noiva que flutua entre as fadas
Silente entre os verbos e estrépito em emoções
Na imortalidade dos silfos que não temem o amor

Edson Pereira
Governador Mangabeira, 20/11/2011

sábado, 20 de agosto de 2011

Horizonte Infinito


O horizonte pode parecer infinito para as lagartas
No entanto, o medo da escuridão das crisálidas
Só impede a eclosão das almas aladas
O receio de se lançar nos abismos

Subtrai de ti as cristas do Himalaia
As planícies floridas e suas belezas
Os segredos além das serras escarpadas
O cume inexplorado das montanhas
Os cúmulos e nimbos de longínquos céus...

Nada ficará perdido
Que a mente não possa conceber
Nem a beleza escondida
No veludo das pétalas de rubras rosas
Nem o adocicado orvalho
Que flutua em manhãs primaveris

E todo brilho que as retinas podem perceber
Deflagrando sonhos que retumbam nos céus
Como tonitruante trovão em raízes luz
Ofuscando os cegos que perderam o porvir

Nas rasas covas dos lamacentos jardins
Que espera o fim do inverno para então eclodir
Acreditar é preciso!
Sementes secas germinam...
Das cinzas, fênix renasce...
Os homens invencíveis são...

Dentre tudo que na vida vi
O mais forte é o sonho!
Tornam lagartas em borboletas...
Ovos em pássaros...
Moribundos em vencedores de maratonas...

Tudo pode...
Tudo faz...
Tudo concretiza...
Basta que acredites!
E o distante horizonte se fará palpável
No revoar das suas asas!

Salvador, 20/08/2011
Edson Pereira