Quem sou eu

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Uma vez me perguntaram: “Os precipícios não o amedrontam?...” Respondi com outra pergunta: “O que sente quando vê um falcão em vôo?...” Ele respondeu: “Paz e plenitude!” Os seres alados jamais se amedrontam com as montanhas, paredões ou precipícios... tudo faz parte da sua trilha, do crepúsculo da alvorada ao poente... do dégradé do início da noite à poeira de estrelas da madrugada. Dizem que homens não podem voar... que o vôo é atributo dos pássaros. Provaremos aqui, em cada linha, que só não voa quem se elegeu eternamente ao patamar das lagartas... Este espaço, não é um convite ao vôo, mas o azimute para que encontre sua crisálida, para que vença o medo da escuridão e mergulhe nela. E no desvendar de si mesmo, possa então estilhaçar casulos e galgar os píncaros distantes da perfeição do próprio vôo. (2/04/2009)

sábado, 20 de outubro de 2012

Despertar



Puseste a mão pela minha alma
Como que penetrando as brumas do meu espírito
E passaste pela ponte das minhas fraquezas
Te erigindo além das montanhas do que me faz forte
E com o teu amor fizeste sair à luz toda beleza
Que deixaste desabrochar de lagarta a borboleta
E que ninguém antes de ti conseguiu encontrar
Pois a Caixa de Pandora apenas deixou escapar as desgraças

Mas guardou na escuridão do seu recôndito profundo
A esperança perdida apenas despertada pelas fadas e sonhadores
Alheios ao mundo dos homens dominado por Cronos, Cifras
E Hades que bailam incólume entre as teias das Moiras
Deslizando audaz entre os mortos-vivos do pseudo agere
No mundo “matrix” teatro ensaio de ilusão sorridente
Enquanto Zeus e Odin se digladiam embaraçados
No fio de controle das marionetes felizes

Mas se Prometheu roubou o indelével fogo divino
Salvando os mortos de alma inertes no mundo de gelo e fogo
Por que mereceu o castigo no tártaro sangrento?
Tendo como único mensageiro da justiça o filho herege
Depois dos 12 trabalhos, ido romper grilhões de aço e sangue
Mas disso ninguém precisa saber, pois o mundo é dos que dormem
E aos despertos correntes e calabouços fazem-se de trono e cetro
Vislumbrando o mundo proibido que não deve ser revelado

Puseste a mão pela minha alma
Como que descortinando minha doente visão
E passaste pela ponte das minhas fraquezas
Me fazendo perscrutar as raízes da minha força
E com o teu amor fizeste sair à luz toda beleza
Que com o tempo feneceu na rosa murcha que gera sementes
E que ninguém antes de ti conseguiu encontrar
Pois a visão da beleza esta para poucos como a cegueira para muitos...


Salvador, 20/10/2012
Edson Pereira

domingo, 7 de outubro de 2012

Roda da Fortuna


O olhar que tangencia as auroras celestes
Amplia minha sublime audição
Pro falsete em sussurro das aladas fadas
E das ondinas aguardando a partida no cais
Em navios que brilham no fundo do mar

E a visão que vislumbra o infinito universo
Como barcos perdidos em muitas marés
Na tonitruante agonia dos estampidos nos céus
Entre o brilhante garfo de Netuno
E a imperscrutável escuridão de Hades

Roubo das cegas moiras o colar de conchas
Ornado especialmente pra ti nas teias da vida
E navego ousado no Saara da ampulheta de Cronos
Desafiando de Zeus gregos a Odins nórdicos
Pelo prêmio da tua mão entre as múltiplas vidas

Lançando meu tarot ao vento e às brumas
As cartas se movem no destino do carro
Entre sombras e luas o mundo peleja
Espadas e escudos tilintam no ar
No digladiar silente entre amor e inveja

Não importa quem vence, a roda não para
Atemporal e impessoal como o tempo
Cruel e quase sádica como Hécate
Quem tem pena do Bruxo que soltou o corvo?!...
Se enfeitiçou o pássaro que não tema o bico...

Asas de bumerangue farfalham nos ares
O olhar mira a ida gargalhando
A nuca não espera a volta chorando, rangendo dentes
E se contorcendo no labirinto do fauno
Incólume a Roda da Fortuna ensaia novo jogo...

Edson Pereira

Salvador, 06.10.2012

domingo, 23 de setembro de 2012

Musa D’Amplidão


Que o ulular do vento
Em sua melodia lúgubre no eco dos montes
Tangenciem a busca da tua presença
Dispersada nas brumas do Cronos cruel
Entre as areias da ampulheta do passado
E o infame ponteiro giratório do presente

Na liberdade que as asas me empresta
Que derramar venha sobre minha retina toda lembrança proibida
E na minha laringe o divagar dos aromas perdidos no tempo
A astúcia dos meus dedos encrostados nas rochas de quartzo
Se precipitando no objetivo íngreme do topo audaz
Como o olhar ansioso pelo lábio inerte que espera a ação

E a fotografia mental da montanha em movimento
Reverbere na alma a geografia das tuas curvas 
No arfar da taquicardia do meu “EU” escalador diletante
Que mais ama a aspereza da pedra que a suavidade do vento
E mais a ação da ascensão que a própria liberdade
No orgasmo pleno e inexplicável da conquista do cume

E lá, num momento de completude, tendo as nuvens aos meus pés
Um momento de utopia transformam os antagônicos sol e lua
Trazendo-os do leste e oeste ao perscrutar de um olhar celeste
Como se a musa dos espaços minha’lma penetrasse
Nos eternos segundo que vão do florescer ao fenecer
Como o filme da vida projetado n’amplidão.

Edson Pereira
Salvador, 20/09/2012



terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Bandolins


Arqueando as asas ao amplo sustentáculo

Dicotomia entre liberdade e amplidão

O bailar sublime e silente das brisas

No tom harmônico de harpas encantadas

Penas que não podem ser aprisionadas

Nem a bondosas mãos que alimentam de ilusão

Nem a gaiolas de ouro ornadas de jardins gris

Nem mesmo a tudo que os medíocres podem desejar

Assim é minha alma...
Que revoa aonde o deus Ares não ousou pousar

E onde Eros titubeou em nos prazeres mergulhar

Nem mesmo Hades teve coragem de me ornar de trevas

Pois seu templo seria perscrutado pela luz sublime dos que amam

E o sofrimento acalentado pelos sorrisos nos “insight’s” das lembranças

Onde não se aprisiona aos libertos de alma

Que de tão translúcida suscita a paixão e a amplidão...

Por isso o bailar no rodopiar das fogueiras

Cicatriza as punhaladas do imortal coração

Entre o flutuar dos bardos nas partituras dos mágicos bandolins

Como se mesas de tabernas palco de teatro fossem

Os véus flutuam ao vento incólume da opinião do mundo

E os pés tombando as garrafas de vinho seco e agridoce

Ante os bêbados e mortos de alma nas penumbras

Que retribuem em moedas o simples vislumbrar de um vôo

E ao som dos bandolins,

Se esquecem das traições do mundo-laboratório de vôos

E por milésimos de segundos flutuam nos véus da musa

Vestida de pele, arrepio, orvalho e estrelas

Ao longe, flutuando bem próximo à lua crescente

Me entrego a magia que encanta minh’alma

E atrai meu espírito à simbiose da melodia, do bailar e da fogueira...

Retinas de pássaro e de mulher se fundem além do telhado da taberna

As estrelas cadentes às vezes se transformam em super-novas

E seu brilho ofuscam o sol quando nas auroras

Uma criança à beira dum rio sentada numa pedra

Ensaia suas primeiras notas num infante Bandolim

Edson Pereira

Governador Mangabeira, 26/12/2011