Arqueando as asas ao amplo sustentáculo
Dicotomia entre liberdade e amplidão
O bailar sublime e silente das brisas
No tom harmônico de harpas encantadas
Penas que não podem ser aprisionadas
Nem a bondosas mãos que alimentam de ilusão
Nem a gaiolas de ouro ornadas de jardins gris
Nem mesmo a tudo que os medíocres podem desejar
Assim é minha alma...
Que revoa aonde o deus Ares não ousou pousar
E onde Eros titubeou em nos prazeres mergulhar
Nem mesmo Hades teve coragem de me ornar de trevas
Pois seu templo seria perscrutado pela luz sublime dos que amam
E o sofrimento acalentado pelos sorrisos nos “insight’s” das lembranças
Onde não se aprisiona aos libertos de alma
Que de tão translúcida suscita a paixão e a amplidão...
Por isso o bailar no rodopiar das fogueiras
Cicatriza as punhaladas do imortal coração
Entre o flutuar dos bardos nas partituras dos mágicos bandolins
Como se mesas de tabernas palco de teatro fossem
Os véus flutuam ao vento incólume da opinião do mundo
E os pés tombando as garrafas de vinho seco e agridoce
Ante os bêbados e mortos de alma nas penumbras
Que retribuem em moedas o simples vislumbrar de um vôo
E ao som dos bandolins,
Se esquecem das traições do mundo-laboratório de vôos
E por milésimos de segundos flutuam nos véus da musa
Vestida de pele, arrepio, orvalho e estrelas
Ao longe, flutuando bem próximo à lua crescente
Me entrego a magia que encanta minh’alma
E atrai meu espírito à simbiose da melodia, do bailar e da fogueira...
Retinas de pássaro e de mulher se fundem além do telhado da taberna
As estrelas cadentes às vezes se transformam em super-novas
E seu brilho ofuscam o sol quando nas auroras
Uma criança à beira dum rio sentada numa pedra
Ensaia suas primeiras notas num infante Bandolim
Edson Pereira
Governador Mangabeira, 26/12/2011