Quem sou eu

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Uma vez me perguntaram: “Os precipícios não o amedrontam?...” Respondi com outra pergunta: “O que sente quando vê um falcão em vôo?...” Ele respondeu: “Paz e plenitude!” Os seres alados jamais se amedrontam com as montanhas, paredões ou precipícios... tudo faz parte da sua trilha, do crepúsculo da alvorada ao poente... do dégradé do início da noite à poeira de estrelas da madrugada. Dizem que homens não podem voar... que o vôo é atributo dos pássaros. Provaremos aqui, em cada linha, que só não voa quem se elegeu eternamente ao patamar das lagartas... Este espaço, não é um convite ao vôo, mas o azimute para que encontre sua crisálida, para que vença o medo da escuridão e mergulhe nela. E no desvendar de si mesmo, possa então estilhaçar casulos e galgar os píncaros distantes da perfeição do próprio vôo. (2/04/2009)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Bandolins


Arqueando as asas ao amplo sustentáculo

Dicotomia entre liberdade e amplidão

O bailar sublime e silente das brisas

No tom harmônico de harpas encantadas

Penas que não podem ser aprisionadas

Nem a bondosas mãos que alimentam de ilusão

Nem a gaiolas de ouro ornadas de jardins gris

Nem mesmo a tudo que os medíocres podem desejar

Assim é minha alma...
Que revoa aonde o deus Ares não ousou pousar

E onde Eros titubeou em nos prazeres mergulhar

Nem mesmo Hades teve coragem de me ornar de trevas

Pois seu templo seria perscrutado pela luz sublime dos que amam

E o sofrimento acalentado pelos sorrisos nos “insight’s” das lembranças

Onde não se aprisiona aos libertos de alma

Que de tão translúcida suscita a paixão e a amplidão...

Por isso o bailar no rodopiar das fogueiras

Cicatriza as punhaladas do imortal coração

Entre o flutuar dos bardos nas partituras dos mágicos bandolins

Como se mesas de tabernas palco de teatro fossem

Os véus flutuam ao vento incólume da opinião do mundo

E os pés tombando as garrafas de vinho seco e agridoce

Ante os bêbados e mortos de alma nas penumbras

Que retribuem em moedas o simples vislumbrar de um vôo

E ao som dos bandolins,

Se esquecem das traições do mundo-laboratório de vôos

E por milésimos de segundos flutuam nos véus da musa

Vestida de pele, arrepio, orvalho e estrelas

Ao longe, flutuando bem próximo à lua crescente

Me entrego a magia que encanta minh’alma

E atrai meu espírito à simbiose da melodia, do bailar e da fogueira...

Retinas de pássaro e de mulher se fundem além do telhado da taberna

As estrelas cadentes às vezes se transformam em super-novas

E seu brilho ofuscam o sol quando nas auroras

Uma criança à beira dum rio sentada numa pedra

Ensaia suas primeiras notas num infante Bandolim

Edson Pereira

Governador Mangabeira, 26/12/2011