
Gira mundo, sopra o vento na copa das árvores
Rosas florescem e orquídeas fenecem
Ruídos de sorrisos inundam as manhãs
Soluços de choros assombram as madrugadas
Chegamos chorando num túnel negro de lodo e sangue
Partimos perplexos apavorados com o dom de voar
Em direção ao túnel branco e ofuscante
Da incerta possibilidade da sobrevivência da consciência
A extinção da vida é muito mais simples do que se imagina...
Não importa a causa...
Não importa quem causa...
O efeito é inadiável, como no “conto de Samara”...
O que verdadeiramente importa
É o caminho percorrido até o mergulho
E novamente estamos aqui, juntos ou não!
No templo do dia ou na mansão das sombras...
Eis a questão...
A nobreza do espírito não está no sofrimento,
Nos belos atos ou no crescente egoísmo cotidiano
Está na maiêutica que seu personagem de carne
Faz ao coadjuvante univitelino e sílfide envolto em brumas
E a cadaverina que emana do ente pútrido
Desvencilha alma alada da lagarta em casulo
E sorri da ignorância dos que choram por saudade
Brindando as almas ao reencontro em revoares
O tempo passa, o choro seca e amnésia se esquece
E hoje, quem chorou é chorado quando entra no casulo
E o ciclo se repete infinitamente enquanto ignorantes choramos
Gira mundo e sopra o vento na copa das árvores...
Edson Pereira
Reserva Roosevelt-RO, 25.08.2010