Que o ulular do vento
Em sua melodia lúgubre no eco dos montes
Tangenciem a busca da tua presença
Dispersada nas brumas do Cronos cruel
Entre as areias da ampulheta do passado
E o infame ponteiro giratório do presente
Na liberdade que as asas me empresta
Que derramar venha sobre minha retina toda lembrança proibida
E na minha laringe o divagar dos aromas perdidos no tempo
A astúcia dos meus dedos encrostados nas rochas de
quartzo
Se precipitando no objetivo íngreme do topo audaz
Como o olhar ansioso pelo lábio inerte que espera a ação
E a fotografia mental da montanha em movimento
Reverbere na alma a geografia das tuas curvas
No arfar da taquicardia do meu “EU” escalador diletante
Que mais ama a aspereza da pedra que a suavidade do vento
E mais a ação da ascensão que a própria liberdade
No orgasmo pleno e inexplicável da conquista do cume
E lá, num momento de completude, tendo as nuvens aos meus
pés
Um momento de utopia transformam os antagônicos sol e lua
Trazendo-os do leste e oeste ao perscrutar de um olhar
celeste
Como se a musa dos espaços minha’lma penetrasse
Nos eternos segundo que vão do florescer ao fenecer
Como o filme da vida projetado n’amplidão.
Edson Pereira
Salvador, 20/09/2012
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