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Uma vez me perguntaram: “Os precipícios não o amedrontam?...” Respondi com outra pergunta: “O que sente quando vê um falcão em vôo?...” Ele respondeu: “Paz e plenitude!” Os seres alados jamais se amedrontam com as montanhas, paredões ou precipícios... tudo faz parte da sua trilha, do crepúsculo da alvorada ao poente... do dégradé do início da noite à poeira de estrelas da madrugada. Dizem que homens não podem voar... que o vôo é atributo dos pássaros. Provaremos aqui, em cada linha, que só não voa quem se elegeu eternamente ao patamar das lagartas... Este espaço, não é um convite ao vôo, mas o azimute para que encontre sua crisálida, para que vença o medo da escuridão e mergulhe nela. E no desvendar de si mesmo, possa então estilhaçar casulos e galgar os píncaros distantes da perfeição do próprio vôo. (2/04/2009)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dialética das Rochas


Olho de baixo, a imensa escadaria
A grossa corrente quase tocando o céu
O gélido vento que dança entre as brumas
Nuvens espessas tocando nosso hálito

Nada mais será como foi...
Homens urbanos num ambiente inóspito
Sobreviver acima do dever num rumo incerto
A linguagem perdida de um novo mundo

E corpos se abrem ao desconhecido
O suor quase congelando os semblantes
Os pensamentos dissipados nas gotículas
A imensidão em retrato celeste

Os músculos láticos tremulando verbalizam
Na dialética lasciva, rocha torna-se amante
Céu e montanha em dicotomia perfeita
Gritando atemporal em tonitruante silêncio

E o vento que aos ouvidos balbucia
Traça as trilhas dos ousados altiplanos
Reescreve pergaminhos invisíveis
E decifram os que vencem sobre as pedras

E aqueles que degustam todo o vento
Afagam a face doce da montanha
Que na dualidade suprema transitam
De bondosa Gaia à Hécate cruel

Se eu recitasse tal poema, poucos entenderiam
Apenas aqueles que grudados ao paredão
Encontram acalento nos pegos vertiginosos
E pavor sentem do leito e da prostração

Agora descanso, mas o sonho não me abandona
Nem as pedras incrustadas sobre a mente
Os meus dedos tateiam frestas de lembranças
Das futuras rochas que ansiosas me aguardam

Não escondo do mundo a minha paixão
Para os loucos, rótulos são comuns
Mas cercado estou de uma celeste tribo
Que levitam muito além do mero chão!

Edson Pereira
Rio de Janeiro – RJ, 27/07/2010

Um comentário:

  1. Quero poder recita-lo algum dia e vou convida-lo para do alto de algum trapézio dançar comigo os seus versos e mesmo com medo de altura que tenho, me entregarei em suas mãos poeta, me lançando de olhos fechados para um vôou apaixonante!

    Muito bom te ler.

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