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Uma vez me perguntaram: “Os precipícios não o amedrontam?...” Respondi com outra pergunta: “O que sente quando vê um falcão em vôo?...” Ele respondeu: “Paz e plenitude!” Os seres alados jamais se amedrontam com as montanhas, paredões ou precipícios... tudo faz parte da sua trilha, do crepúsculo da alvorada ao poente... do dégradé do início da noite à poeira de estrelas da madrugada. Dizem que homens não podem voar... que o vôo é atributo dos pássaros. Provaremos aqui, em cada linha, que só não voa quem se elegeu eternamente ao patamar das lagartas... Este espaço, não é um convite ao vôo, mas o azimute para que encontre sua crisálida, para que vença o medo da escuridão e mergulhe nela. E no desvendar de si mesmo, possa então estilhaçar casulos e galgar os píncaros distantes da perfeição do próprio vôo. (2/04/2009)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Minhas Crônicas - A Árvore da Sabedoria


Há muito tempo, num reino próximo aos países escandinavos, um rei muito sábio teve que tomar uma difícil decisão. E quando seus quatro filhos gêmeos nasceram, temendo pela vida dos pequenos, (pois o reino vivia em constantes ameaças) sem que ninguém soubesse encaminhou-os a países distantes, onde lá, pessoas de sua confiança cuidariam da educação e segurança dos futuros herdeiros do trono.
O primogênito, chamado Uthar, ficou aos cuidados de uma tribo de valentes guerreiras amazonas.
O segundo, chamado de Nifron, foi enviado aos cuidados dos nobres espadachins ao norte da Ásia menor.
O terceiro, chamado de Hazan, foi educado pelos arqueiros de Tronhy, uma tribo guerreira dos países gelados da Antártida.
O mais moço foi levado ao templo de Shaolin, no oriente e ficou aos cuidados do monge tibetano, Aushry.
O tempo se passou e atingindo a maior idade, os jovens retornaram ao ameaçado reino de Tauran.

- Bem vindos amados filhos, bem sei que tornaram-se grandes guerreiros e assim não poderia ser diferente, pois os enviei aos cuidados de valentes, nobres e fiéis amigos que por ti dariam a própria vida se necessário fosse. Mas para viver e reinar em Tauran, acima da valentia é necessário sabedoria para esquivar-se dos conquistadores e saqueadores, sabendo recuar e avançar na hora certa para assim, derrotar os inimigos. Infelizmente filhos, a arte da guerra ainda é necessária para a manutenção da paz, sendo assim, vocês quatro deverão seguir em busca da árvore da sabedoria, e de lá deverão me trazer uma prova que me explique o porquê da sabedoria encontrada na árvore.

- E onde fica esta árvore? – Perguntou o mais velho dos filhos.

- Ao sudoeste da região dos grandes lagos, mas durante a caminhada vocês sofrerão emboscadas e testes que reafirmarão tua valentia e habilidades militares.

Quando os jovens se preparavam para sair, o rei fez um sinal e completou:
- A paciência é a maior arma do justo, e sendo assim, cada um de vocês deve buscar a árvore da sabedoria ao seu tempo. Além da sabedoria, vocês devem me trazer também três moedas que representarão a vitória entre as três emboscadas. O vitorioso sentar-se-á ao meu lado direito e reinará junto comigo, no tempo certo será o novo rei de Tauran.

E o primeiro filho do rei partiu em busca da árvore da sabedoria. Ao longo de dois meses ele retornou:
- O que me trazes? – Perguntou o rei.

- Trouxe para vós uma moeda e um galho seco.

- Onde estão as outras duas moedas?

Envergonhado ele respondeu:
- Após sair vitorioso na primeira prova do lutador, fui derrotado na prova do espadachim e não consegui acertar com uma única flecha os cinco anéis da terceira prova.

- E quanto à árvore? – Perguntou.

- Quando cheguei à árvore da sabedoria ela estava totalmente seca, na verdade mais parecia um tronco retorcido e sem vida. Retirei dela um galho seco e trouxe até vós para provar o que a árvore me quis dizer.

- E o que a árvore quis dizer a ti? – Perguntou o rei.

- A árvore me mostrou pelo seu aspecto que não há esperança para nosso reino, pois seremos assolados pela miséria e pela fome.

- O que deveremos fazer então? – Perguntou o rei querendo testar Uthar.

- Não adianta lutar por um reino de miséria, devíamos deixar que os conquistadores tomem-no. E a miséria recairá sobre eles.

Partiu então o segundo filho do rei, e ao longo de dois meses retornou:
- O que me trazes? – Perguntou o rei.

- Trouxe para vós uma moeda e um ramo de folhas.

- Onde estão as outras duas moedas?

Envergonhado ele respondeu:
- Senhor, a verdade é que de início fui derrotado na prova do lutador, em seguida, vencendo o espadachim conquistei esta moeda. Mas na prova do arqueiro fui novamente derrotado. Me responda senhor, é possível tamanha perícia de um arqueiro para atravessar com uma única flecha aqueles cinco anéis da terceira prova?

O rei nada respondeu e Perguntou:
- E quanto à árvore?

- Quando cheguei à árvore da sabedoria ela estava totalmente coberta por folhas verdes, tão frondosa que não se podia ver nem seu tronco. Retirei dela um ramo de folhas e trouxe até vós para provar o que a árvore me quis dizer.

- E o que a árvore quis dizer a ti? – Perguntou o rei.

- A árvore da sabedoria me mostrou pelo seu aspecto, que nosso reino jamais será sucumbido ante os conquistadores, pois a fartura dará aos nossos guerreiros o aspecto de homens invencíveis e nenhum inimigo ousará nos enfrentar.

- O que devemos fazer então? – Perguntou o rei querendo testar Nifron.

- Não precisamos lutar, basta alimentar bem nossos guerreiros construir torres ao redor das muralhas onde eles possam mostrar seu aspecto extremamente saudável, ninguém ousará enfrentar este exército.

Partiu então o terceiro filho do rei, e ao longo de dois meses retornou:
- O que me trazes? – Perguntou o rei.

- Trouxe para vós uma moeda e um buquê de flores.

- Onde estão as outras duas moedas?

Envergonhado ele respondeu:
- Senhor, a verdade é que após ter sido derrotado na prova do lutador e do espadachim, finalmente atravessei com uma única flecha aqueles cinco anéis da terceira prova acertando o alvo exatamente na marca onde estava a moeda.

- E quanto à árvore?

- Quando cheguei à árvore da sabedoria ela estava totalmente coberta por flores amarelas com um tom tão brilhante quanto o ouro, seu perfume inebriava o vento e sua beleza encantava os pássaros e as borboletas numa estonteante harmonia. Retirei rapidamente um buquê de suas flore e parti apressado antes que toda aquela beleza me deixasse sem forças para prosseguir. Trouxe até vós este buquê para provar o que a árvore me quis dizer.

- E o que a árvore quis dizer a ti? – Perguntou o rei.

- A árvore da sabedoria me mostrou pelo seu aspecto, que nosso reino pode se tornar invencível e até conquistar outros reinos, basta que utilizemos uma beleza tamanha que enfraqueça nossos inimigos diante de tal poderio de ouro, prata e perfumes de fragrâncias especiais. Jamais seremos conquistados e poderemos nos tornar o maior dos conquistadores.

- O que devemos fazer então? – Perguntou o rei querendo testar Hazan.

- Não precisamos nem lutar, basta forjarmos armas de prata, escudos reluzentes de ouro, elmos de bronze encrostados com brilhantes e lançarmos perfumes inebriantes e hipnóticos sobre nossas tropas, que de narizes tapados, não cairão na apatia causada pela influencia do perfume sobre a mente humana. Com os inimigos dominados, será fácil vencer qualquer exército.

Partiu então o quarto filho. Passaram-se dois meses e nenhuma notícia, seis meses e nada. Ao final de oito meses os três irmãos se reuniram e interpelaram o rei:
- Senhor. . . já se passaram mais de oito meses e nosso irmão Fahel não retornou Achais vós que devemos esperar mais? – Perguntou Hazan.

- O que achas que deve ter acontecido ao teu irmão? – Perguntou o rei aos três filhos.

E Nifron apressou-se em responder:
- Deve ter sucumbido ante às três provas. Dentre nós era o mais franzino, certamente deve ter morrido.

- O que acha Uthar? – Perguntou o rei ao primogênito testando a opinião de todos.

- Acho que provavelmente nosso irmão deve ter morrido. O lutador da primeira prova era quase invencível, treinei e lutei durante toda a minha vida, no entanto quase quebrei duas costelas para derrotá-lo. Sobrevivi graças a muito esforço.

- Neste caso amanhã nos reuniremos para decidir quem dentre os herdeiros do trono aqui presentes sentar-se-á ao meu lado direito.

Uma grande reunião foi feita no imenso templo, todas as cadeiras dos anciões estavam ocupadas, os três conselheiros tomavam os lugares de honra do reino posicionados à direita do rei. Clarins e trombetas soaram e três jovens entraram no amplo salão.
Todos de pé, o rei fez uso da palavra:
- Aqui estamos diante de três valentes jovens onde um deles deverá sentar-se ao meu lado direito. Todos sabemos que a grande árvore da sabedoria sempre nos serviu de inspiração para que muitos reinados em nossa terra se fizesse com justiça e solidariedade. A sapiência é a nossa maior arma, e por isso estes jovens estão aqui para mostrar o que a grande árvore disse a cada um deles.
O primogênito então prostrou-se em atitude de reverência ao rei e levantando o galho seco falou ao público o que entendeu por sabedoria. Em seguida o segundo filho, com seu ramo de folhas verdes e finalmente o terceiro com o buquê de flores.
Os conselheiros e anciões se reuniram com o rei e ao final de duas horas, quando estavam prestes a anunciar qual dentre os três seria o escolhido, entrou pela porta do imenso salão o filho mais moço do rei.

- Enfim chegaste meu filho! Todos acreditavam que não mais chegarias.

- E por que não haveria de retornar senhor meu pai?

- Teus irmãos achavam que havias sucumbido ante as difíceis provas das emboscadas e como demoravas a chegar. . .

- Não me lembro senhor, de que tenhais vós estipulado um tempo exato de retorno ao reino, apenas deveríamos encontrar a árvore da sabedoria e nos esforçar por entender sua linguagem simbolicamente metafórica, quanto às provas das emboscadas apenas representariam as dificuldades no caminho do conhecimento.

- Então quantas moedas trouxestes? – Perguntou o rei querendo testar Fahel, já que só haviam três moedas a serem conquistadas, e seus irmãos já haviam tomado posse, cada um, de uma das moedas.

- Nenhuma senhor meu pai!

Seus irmãos gargalharam orgulhosos, afinal, cada um deles havia vencido uma batalha ao menos, enquanto Fahel, ao que parecia, havia sido derrotado em todas elas.

- Silêncio! - Advertiu o rei com franzida fronte - Então me responda filho, foste derrotado em todas as emboscadas?

- Na verdade, a primeira emboscada não foi muito difícil de ser ultrapassada. – Falou Fahel.

Sem acreditar na façanha descrita pelo irmão, Uthar interpelou-o:
- Como pode ser?! Aquele lutador tinha quase o dobro da sua altura e era muito mais forte. Como poderias derrotá-lo tão facilmente, e sendo assim, por que não traria a moeda da primeira prova?

- Irmão Uthar, se não trouxe a moeda da primeira prova é porque já a havias conquistado antes de mim e não tendo o que me dar, o lutador deixou-me seu elmo de ouro como prova da minha vitória e eu agora entrego-o como presente para nosso pai.

- E como conseguiste derrotá-lo? – Perguntou insistente Uthar.

- Foi muito simples, apenas usei a força do adversário contra ele mesmo. E cada vez que ele me desferia um golpe, eu me esquivava e ele sofria o impacto da sua própria força, muitas vezes caindo ao chão. Em menos de duas horas de luta, meu oponente estava totalmente esgotado e indefeso.

Fahel foi até o rei e colocou o elmo de ouro aos pés do trono.

- E quanto à Segunda emboscada, como te saíste? – Perguntou o rei.

- Foi mais difícil que a primeira prova, tive que ser astuto e paciente para derrotá-lo. – Respondeu Fahel.

Intrigado, Nifron interrogou-o:
- Como conseguiste derrotar aquele espadachim? Eu que levei anos de exaustivo treino e me tornei um dos mestre entre espadachins da Ásia menor, quase fui derrotado por aquele exímio espadachim da segunda prova. Como poderias tê-lo vencido, se nem sequer possuías uma espada?

- Não precisei de espadas para vencê-lo, usei apenas um bastão de madeira.

- Um bastão de madeira?! Isso é uma espécie de brincadeira? – E Nifron começou a rir.

- Silêncio! – Advertiu o rei com duro semblante – Se não podes acreditar, pelo menos escutes o que teu irmão tem a dizer. Continue Fahel.

Envergonhado, Nifron baixou a cabeça e Fahel continuou:
- Como todos devem saber, uma espada é bem mais pesada que um bastão e enquanto o espadachim tentava me atingir com sua espada, eu me esquivava. Em pouco tempo, já ofegante, só precisei acertá-lo nos sete pontos sensíveis do corpo para abatê-lo. Como Nifron já havia lhe tirado a moeda anteriormente, e sem ter o que me dar, presenteou-me com sua espada de prata pela vitória. – E se dirigindo ao trono, Fahel colocou-a junto ao elmo de ouro.

- E quanto à prova do arqueiro, como te saíste? – Perguntou ansioso o rei.

- Atravessei com uma única flecha os cinco anéis e acertei o alvo, mas a moeda não mais lá estava.

- Impossível! Somente um arqueiro extremamente treinado conseguiria tal façanha. Terias que dedicar ao treino todos os dias da tua breve existência para conquistar tamanha vitória! – Exclamou Hazan.

- O segredo desta prova irmão Hazan, não está somente na perícia e no treino, mas na paciência.

- Na paciência!? De que forma?

- Deves ter percebido que quando o vento soprava, os anéis giravam, e desta forma ficava praticamente impossível atravessá-los com uma única flechada. O segredo desta terceira prova estava em esperar atentamente que a brisa cessasse e contando cinco segundos aguardar os anéis se reposicionassem para lançar a flecha. Desta forma se respirasse corretamente e mantivesse as mãos firmes não tinha como errar. Sem a moeda, o arqueiro me presenteou com seu arco de bronze encrostado com rubis, como prêmio pelo meu sucesso nesta prova.

E se dirigindo ao trono, colocou o arco de bronze junto aos outros presentes.

- Mas eu trouxe para vós, senhor, algo muito mais precioso que todos estes presentes juntos. – E estendendo as mãos, o jovem entregou ao rei uma pequena planta dentro de um tronco oco.

- Como conseguiste tal façanha filho! – Exclamou o rei sendo tomado por uma imensa emoção.

- Por que tanto espanto com uma plantinha tão pequena? – Cochichou Nifron para Uthar e Hazan.

- Embora não consigas entender, esta é a primeira muda da árvore da sabedoria. – Falou em tom baixo um dos conselheiros do rei.

E todos se prostraram em atitude de respeito diante da esperança viva.
O rei levantou-se e deixando uma tímida lágrima de alegria escorrer pela face até a barba grisalha, em tom emocionado o rei disse:
- Nos fale então o que a árvore da sabedoria mostrou a ti.

- Quando cheguei à árvore da sabedoria, eu estava faminto e ela coberta de frutos, escolhi o maior e mais belo dentre eles e separei para vós, coloquei-o junto com o elmo, a espada e o arco, sentei e passei a observar a árvore enquanto comia alguns frutos que dela retirei. De quando em quando alguns frutos caíam e um ou outro animal os vinha comer: antílopes, búfalos, cavalos, todos eles pareciam apreciar muito o paladar daquele fruto. Mas senti como se aquela árvore tivesse algo mais a me dizer, e como não me foi estipulado um tempo prévio de retorno ao reino, lembrei-me da vossa advertência antes de nossa partida: “A paciência é a maior arma do justo” e fui ficando e observando tudo que os símbolos me queriam dizer. Os frutos e as folhas caíram, e a árvore ficou totalmente desfolhada, levantei e retirei um pequeno galho seco colocando-o junto ao fruto que a esta altura já estava podre. Em seguida pequenos brotos surgiram dos galhos secos e após algum tempo a árvore que antes parecia sem vida, se recobriu totalmente por uma ramagem de um verde maravilhosamente indescritível. Levantei, e dela retirei um de seus ramos colocando-o junto ao galho seco e ao fruto já totalmente ressequido, do fruto seco percebi um pequeno broto romper suas entranhas. Voltei a me sentar e continuei observando a árvore, após alguns meses flores amareladas foram tomando o lugar das folhas, um perfume inebriante flutuou entre o ar e uma sensação de felicidade e harmonia contagiou o meu ser. Borboletas e pássaros voavam alegremente e tudo ao redor se tornou extremamente belo e pleno. Retirei um buquê daquela flor amarela e por um momento de descuido quase deixei que um asno comesse o broto que já estava com algumas folhas. Novos fruto nasceram e colhendo alguns deles retornei ao reino.

- Então, além da pequena árvore trouxestes algo mais? – Perguntou o rei.

- Sim! – E o jovem colocou junto à planta três galhos seco e sete frutos.

- Então digas, o que a árvore mostrou a ti? – Perguntou o rei sem mais querer testá-lo.

- A árvore da sabedoria me mostrou pelos seus muitos aspectos, que a maior das lutas não é aquela travada com os inimigos externos ou com os testes do mundo, mas com as provas e inimigos que moram dentro do nosso próprio coração. Percebi também que não existe tesouro eterno. É necessário que o fruto apodreça para que a semente germine... e muitas vezes é necessário que venha a fome e a miséria para valorizarmos a época da fartura, pois através dos galhos secos chegamos ao ramo verde. Assim como é necessário que toda beleza das flores feneça para gerar o fruto, pois tudo na vida é cíclico voltando sempre ao ponto inicial. Haverão sempre asnos querendo comer o broto e evitar que a árvore da vida cresça, mas tudo está em nossas mãos, a paz deve ser o fruto desejado e a guerra só deve ser instaurada para a conquista da harmonia e da ordem universal. Não é necessário matar o asno para que ele não coma o broto, mesmo porque, sempre surgirão novos asnos. O verdadeiro reino deve ser conquistado primeiro dentro de nós e o florescer fica a cargo do tempo.

Os anciões, conselheiro e o próprio rei, prostraram-se diante da sabedoria que aquele jovem havia adquirido.
E estendendo a cadeira ao lado direito do trono o rei convidou-o:
- Venha filho, este é o teu lugar por direito.

- Não pai! Não posso me sentar aí, não sozinho.

- Por que não? – Perguntou perplexo o rei.

- Porque meus irmãos são um complemento de mim mesmo, não temos o mesmo rosto por acaso, e eu, sem a experiência deles, não conseguiria chegar do galho seco – ao ramo verde – ao buquê de flores – ao fruto – à semente – ao broto e ao asno querendo comer o broto. Não vê pai?... nascemos de um mesmo útero, num mesmo momento para mostrar que apesar de sermos idênticos no corpo, temos almas diferente, e apesar de termos almas diferentes somos apenas um! Nosso reino não pode ser fragmentado, nem dividido. Reinaremos como um só! Os diversos momentos da árvore, são de uma mesma árvore, assim como nós.

O rei sorriu metaforicamente, não tinha mais o que argumentar. Quatro cadeiras foram colocadas ao seu lado direito.
Fahel ensinou aos seus irmão o descomunal poder da humildade. Com o tempo, ouviu-se falar de um reino onde prevaleciam a paz, a justiça e a solidariedade, e onde existiam quatro tronos, que reinavam como um.

Edson Júnior , Salvador 13.04.00

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