
Quem de nós,
Erigindo o cálice aos céus
Proclamou um brinde à vida?
Parafraseando a melodia que harpas silenciosas
Presentearam aos ventos do norte
E mesmo entre dores e choros
Ainda assim sorriem em sonhos
Num aspirante ideal alado
Mesmo que disfarçado de Ícaro
Ante fúnebre abraço de Hécate
Correndo em taquicardia pelo labirinto do pavor
Sentindo o arfar do monstro devorador
Perante o olhar melancólico
E as lágrimas do arrependimento
Do Dédalo autômato construtor de torturas
Quem dentre vós têm peitos e braços
Dos heróis mortos em batalhas?
Seus corpos jazem inertes,
Mas suas consciências pairam incólume
Na imortalidade dos que quebraram grilhões
Pois sempre nunca temeram os riscos
Nem titubearam entre coragem e covardia
No afã dos que rompem crisálidas
Pelo simples prazer do farfalhar das borboletas
Que varam o infinito num rápido sorriso de instante
Que flutua para nunca mais voltar
Mas não procureis lógica no que não podeis explicar
Pois pássaros foram feitos para os céus,
E morcegos para as cavernas...
Enquanto uns deleitam-se plenamente com a luz
E com a liberdade dos que voam
Outros, repelem o clarão e enclausuram-se na própria vontade
Em eutanásias que fingem libertar
Mas brindemos à vida,
Pelo sorriso e pela dor,
Pois as espadas só doam seu poder aos imortais
E no gume de suas lâminas mostram as duas faces da vida
No tilintar dos brindes eternos
Edson Pereira
Governador Mangabeira-BA – 17/05/2003
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